1. |
Bilhete para Filomena
01:06
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O vento precisa dos moinhos
O mar precisa dos navios
O sol precisa das nuvens
Assim eu preciso de ti
Navio, moinho, nuvem.
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2. |
Búzio
03:32
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Adula vígil amara
Amará a maresia
Os barcos prontos num deles
Ela vai ou ia
Vai onde a onda anda
Anda onde a onda ia
Leva um búzio no regaço
Cia-voga cicia
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3. |
Canção do Mar Aberto
03:26
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Onde puseram teus olhos
A mágoa do teu olhar?
Na curva larga dos montes
Ou na planura do mar?
De dia vivi este anseio;
De noite vem o luar,
Deixa uma estrada de prata
Aberta para eu passar.
Caminho por sobre as ondas
Não paro de caminhar.
O longe é sempre mais longe...
Ai de mim se me cansar!...
Morre o meu sonho comigo,
Sem te poder encontrar.
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4. |
Fado do Marujo
04:22
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Quando eu nasci neste mundo
Tive a sorte desgraçada
De ir para aquele navio
Sem saber pouco nem nada
Quando eu cheguei a bordo
Quando a bordo cheguei
Adeus meu pai minha mãe
Que tão cedo vos deixei
Adeus casa de meu pai
As costas te vou virando
Chega-te cá nau de guerra
Para ti me vou chegando
O capitão me escondeu
Debaixo da luz do sol
Chega-te p'raqui marujo
Quero-te assentar no rol
Com uma dor no coração
Eu me meti a chorar
Veio o piloto para mim
Que me havia de calar
Adeus casa de meu pai
As costas te vou virando
Chega-te cá nau de guerra
Para ti me vou chegando
Não torno a levar a vida
Como a que levava em terra
Que a bordo deste navio
Não há senão fome e guerra
A tristura me diverte
O passeio me entretém
Ditoso comigo mesmo
Sem querer bem a ninguém
Adeus casa de meu pai
As costas te vou virando
Chega-te cá nau de guerra
Para ti me vou chegando
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5. |
Batalha de Lepanto
03:19
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Oh que rico comandante
Leva esta real fragata
Tocando novos apitos
Encastoados em prata
Oh que rico comandante
Leva este real tesoiro
Tocando novos apitos
Encastoados em oiro
Caminhara D. João
A sua viagem seguida
Era meio-dia em ponto
Mandou o gageiro acima
O gageiro subiu logo
Para ver que descobria
O gageiro lá de cima
Em altas vozes dizia
Safa, safa D. João
Safa a tua artilharia
Que aqui vem tamanha armada
Que o sol e a Lua encobria
Dentro da mesma armada
Um arrenegado vinha
Empenhado as suas barbas
D. João lho pagaria
Chegou a armada uma à outra
Em pino do meio-dia
A fumaria era tanta
Nem uns nem outros se via
Bala que D. João botava
Era de ferro rendia
A sangreira era tanta
Que p'los embornais corria
Era tanta a gente morte
Os navio empeçariam
De setecentos e oitenta
Só uma galera havia.
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6. |
Esfarrapado
03:09
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Quem deprecia meus bens?
Desdéns.
Quem aumenta meus queixumes?
Ciúmes.
Quem prova a minha paciência?
Ausência.
Assim, em minha doença,
nenhum remédio se alcança,
pois matam-me a esperança
Desdéns, ciúmes e ausência.
Quem me causa tanta dor?
O amor.
A quem meu prazer repugna?
Fortuna.
Quem consente o sofrer meu?
O céu.
Assim, bem receio eu
morrer deste mal estranho,
pois aumentam, pra meu dano,
Amor, fortuna e o céu.
Quem melhora a minha sorte?
A morte.
O bem do amor, - quem o alcança?
Mudança.
E seus males, - quem os cura?
Loucura.
Assim, não será cordura
querer curar a paixão
quando só remédios são
Morte, mudança e loucura.Carlos Medeiros – Vocals
Pedro Lucas – Guitar
Pedro Gaspar – Bass
Augusto Macedo – Synths
Ian Carlo Mendoza – Drums
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7. |
Ladeira da Calheta
03:58
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Tu não viste , ai o que eu vi
Na Ladeira da Calheta
Os olhos de uma menina
Fechados numa gaveta
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8. |
Rema
02:35
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Eu a remar p'ra te ver
E tu a fugires de mim
É certo que mais te quero
Do que tu me queres a mim
Rema, que rema real fragata
Reminho d'oiro, tablé de prata
Contra-mestre manda à proa
No convés o guardião
Na tolda manda o piloto
Na câmara o capitão
Rema, que marcial fragata
Reminho d'oiro, tablé de prata
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9. |
Marinheiro
03:20
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Marinheiro sou de amor
e em seu pélago profundo
navego sem esperança
de chegar a porto algum.
Seguindo vou uma estrela
que de bem longe descubro,
mais bela e resplandecente
que quantas viu Palinuro.
Não sei aonde me guia,
e, assim, navego confuso,
minha alma a olhá-la atenta,
inquieta e sem cuidar muito.
Cautelas impertinentes,
a pureza fora de uso,
são nuvens que ma encobrem
quando mais vê-la procuro.
Oh clara e luzente estrela,
em cujo clarão me apuro!
O instante em que te encubras
há-de levar-me ao sepulcro.
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10. |
Fado do Regresso
02:45
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Voltei com a mesma fome
Ai como andara enganado
A quem renega o seu fado
Nem o céu lhe sabe o nome
Não achei o paraíso
E sei que tudo é pequeno
Mas no teu rosto sereno
É cada ruga um sorriso
Encontro as flores outra vez
O sol perguntou por mim
E foi sobre o meu jardim
Que uma nuvem se desfez
Na firme paz de quem ama
Acabei o meu desatino
Vejo os sonhos de menino
Á roda da minha cama
Adeus ó ilhas desertas
Velas Á raiva do vento
A cadeira em que me sento
É as minhas descobertas
Nem mesmo o teu fumo quero
Meu cachimbo de Xangai
Agora que já sou pai
No meu filho é que me espero
Ó sombra da minha sorte
Que traí com cem mulheres
Podes vir quando quiseres
Senhora da Boa Morte
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11. |
Navio
04:16
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No porto deserto
Só há um navio
Já triste e cansado
O resto é vazio
No velho costado
O mar escreveu
Com algas e búzios
O que ele sofreu
O que ele passou
Sulcando oceanos
Cruéis temporais
Por anos e anos
Nas horas sem fim
Por noites e dias
Das rotas distantes
E das calmarias
Navio parado
Em frente do mar
Que bom é partir
Que triste é ficar
Mistério de longe
Chamando, chamando
Adeus que me vou
Deus sabe até quando
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MEDEIROS/LUCAS Azores, Portugal
Carlos Medeiros e Pedro Lucas são dois açorianos separados por 30 anos. Ao longo de 3 discos juntaram uma família de músicos e artistas de outras penas para concretizar a sua forma particular de cantar a língua portuguesa.
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